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Criança ou "Laranja Mecânica"?

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A revista Pais & Filhos desse mês trouxe à voga o tema castigo e se posicionou contra o "cantinho do pensamento", técnica usada por muitos pais e amplamente divulgada em programas de televisão. Achei muito interessante a visão que a colunista, psicóloga e pedagoga elucidou: "botar uma criança pequena para pensar no que fez só serve para dar uns minutos de descanso para a mãe, não tem função educativa, porque a criança só consegue pensar sobre o que fez e só compreende o sentido moral das regras e dos valores a partir dos 6, 7 anos". Ela ainda diz que esse tipo de técnica está mais  para um adestramento, pois o desenvolvimento cognitivo da criança ainda não está completo. Portanto, o castigo para pensar no que fez é desaconselhado para crianças abaixo daquela idade.
Ler essa matéria me remeteu ao clássico "Laranja Mecânica" em que o protagonista do filme é submetido ao "método Ludovico" para se tornar bom. Quase que por adestramento, o então delinquente passa a sentir uma náusea horrorosa em relação a qualquer tipo de violência a que era exposto. Entretanto, o método não conseguiu lhe mudar os valores, torná-lo um bom homem de verdade, mas, tão-somente o treinou para que não praticasse a violência. Não lhe cabia pensar sobre o certo e o errado. O que a sociedade esperava era que ele deixasse de ser violento e ponto final.  
Guardadas as devidas proporções entre o filme e a educação de crianças menores de 6 anos de idade, que não entendem ainda a relação entre suas ações e os valores morais, conclui-se que o adestramento nunca é o melhor caminho. O castigo é uma boa arma desde que corresponda à ação praticada, como por exemplo: o básico escândalo em uma loja de brinquedos. Além de tirar a criança do ambiente, a promessa de não levá-lo na próxima vez é válida e deve ser cumprida para que surta o efeito esperado. Ou seja, nesse caso, colocar uma criança de menos 3 anos (idade do meu filho) para pensar NADA adianta, tendo em vista que essa idade não permite a compreensão devida de suas ações que deveriam corresponder às regras de comportamento social impostas. E se não há compreensão, o que vai surgir é uma resposta mecânica da criança que, por medo dos pais, passará a não praticar determinados atos. Resultado: crianças medrosas e inseguras.
Importante observar que no que diz respeito à educação das crianças, a idade conta muito. Respeitar o limite cognitivo de cada fase é um ótimo caminho a se percorrer. A cada fase devemos procurar agir de forma coerente a passar para a criança a segurança que ela espera encontrar em nós, para que saiba que mesmo agindo de forma errada, ainda assim a amamos incondicionalmente e que justamente por amor é que corrigimos. Às vezes me pego exigindo uma maturidade impossível para alguém de apenas 2 anos e meio. A tal falta de paciência que acomete a maioria dos pais. E lá vou eu respirar bem fundo e repensar a maneira de agir, inclusive me colocando no lugar do meu filho, tentando imaginar como ele está se sentindo. Geralmente, consigo reverter a situação e voltar à razão novamente. A verdade é que não existe somente um caminho a ser percorrido. Ao longo da maternagem a gente vai evoluindo e encontrando novos meios de tentar acertar. Tenho como proposta revisitar meus conceitos sempre, pois penso que não há verdade absoluta em termos de educação. Em suma, essa matéria me colocou para repensar. E a vocês? 


8 comentários:

  1. Realmente eu já fazia ideia de que uma criança pequena não ficasse "pensando" sobre o que fez, mas achava que de alguma forma, daria aquela "pausa" para o calor da emoção entre a briga entre pais e filhos fosse diluída para então inciar uma conversa e se chegar a um acordo, rs.
    Nunca pensei como uma maneira de adestrar, realmente o texto me fez pensar tbm, rs.
    Gostei muito da relação que fez com o filme Laranja Mecânica, uma ótima reflexão :)
    Bjus

    Rafa
    Rafaelando.com

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    1. Pois é, Rafa! A gente tem a boa intenção, sem dúvida! E eu achava que o cantinho seria uma boa saída! Por isso que gosto de estar sempre atenta no que dizem os especialistas. Repensar atitudes é sempre muito bom!! Beijosss

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  2. Myriam, eu não li a matéria, tampouco vi o filme Laranja Mecânica (recomenda?), porém, sou contra o cantinho do pensamento/castigo para a minha filha de 2 anos e 5 meses. Sou contra-contra!!!!

    Não suporto isso. Acho mais eficiente dar uns tapinhas (fracos, mais para assustar) no bumbum (fiz isso 1x, que fique claro, mas se precisar, farei de novo) do que deixar de castigo 2 minutos, pq, na minha opinião, não serve para nada e, no meu caso, nem para acalmar, já que a Laura chora e grita horrores toda vez que vai pro castigo - pq o pai insiste em pôr.

    Beijos grandes!!

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    1. Recomendo muito o filme, Dani!! Faz a gente pensar muito sobre o comportamento humano!! É um filme bem denso e com mensagens nas entrelinhas, sabe? Quanto ao cantinho, tentei 2x e realmente não vale mesmo à pena. Eles não entendem e assim como a Laura, Dan só esperneou. Antes mesmo de ler essa matéria, o cantinho já estava abolido por aqui. Inclusive, pedi ao maridex pra ler a matéria para entrarmos em sintonia quanto ao que fazer em casos de escândalo e desobediência extrema. Hahahahahahahahaha
      Beijão!!

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  3. Oi Myriam,
    Respeito quem pratica o "cantinho do pensamento", mas por aqui não o pratico, pois sei que Milena, no auge de seus 04 anos, não iria parar para refletir sobre o que fez (ainda mais se a deixasse sozinha no momento), iria apenas chorar e, provavelmente, não "daria tempo" para pensar, uma vez que é indicado que a criança fique por lá de acordo com sua idade. Por exemplo, sem tem dois anos, fica por dois minutos.
    Na realidade, faço ela pensar na hora sobre o que fez, mas sem deixá-la em algum lugar específico.
    Sei que muitas vezes, quando ela faz algo que não achamos ser adequado, chamamos-lhe sua atenção e, na maioria das vezes, até volta e repete a birra, mas sei que conforme ela for adquirindo mais maturidade, vai se comportando "devidamente".
    E mais uma vez, eu indico o Içami Tiba, que fala que o tem o castigo tem que ter relação com a ação...fundamental!
    Por aqui tbm sempre converso com o meu marido para que tenhamos uma sintonia no que a orientamos.
    Adorei seu texto e sua reflexão!
    Beijos,
    Larissa Andrade.

    http://www.maternidadeecotidiano.blogspot.com.br/

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    1. Eu também concordo que o castigo tem que corresponder à ação. Acho que é o caminho mais acertado. Beijos pra vc!!!

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  4. Oi Myriam,
    Que bacana esse seu post. Não li o artigo e muito menos assisti esse filme.... Também concordo que castigo, ou seja lá... colocar para pensar não funciona para uma criança abaixo de três anos. Na minha opinião é uma fase que as crianças estão descobrindo o mundo, testando, experimentando. O que vale é tirá-la da situação para que passe a olhar para outra coisa, faça algo diferente...
    Haja paciência... não é mesmo? rs
    Beijos

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    1. Concordo!! Tirar da situação é o caminho!! Agora, a paciência...aff!! Tem dias que ela desaparece!! Hahahahahahahahaha
      Mil beijos!!!

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